Na encruzilhada de exigências múltiplas, a ciência dos sistemas contribui para a emergência de novas representações da realidade e fornece vias de pesquisa e de reflexão das mais prometedoras. E, actualmente, a ciência dos sistemas encontra-se à beira de um ponto de viragem na sua história. Após haver integrado a cibernética, deve agora abrir-se à cognítica. Esta viragem implica uma representação matemática do sujeito e da sua autonomia, necessariamente fundada sobre uma crítica de determinismo. Na verdade, a sistémica entre na sua revolução kantiana. Revolução que exige várias revisões profundas. Primeiramente, o fenómeno de comportamento autónomo deve ser interpretado como o fruto de um processo universal de automatização crescente, contínuo desde a bactéria até ao homem e às suas organizações colectivas, tornadas planetárias. De seguida, a modelização matemática dos sistemas autónomos deve exprimir simultaneamente o jogo existencial do ambiente e a função determinante do aparelho cognitivo central. Finalmente, os conceitos de liberdade e de vontade devem fazer a sua entrada formal na ciência física matemática. Ao operar esta aproximação às ciências tradicionais do espírito, não se arriscará a sistémica a um "tudo serve"? O que está em jogo diz respeito a todos os cientistas, mas interessa principalmente aos profissionais da organização, da política, da educação, assim como aos investigadores das diferentes disciplinas das ciências humanas. JACQUES LORIGNY, engenheiro politécnico, doutor em Ciências (Física dos Sistemas), é administrador do INSEE, onde exerce a função de perito em reconhecimento das formas aplicados à estatística. É autor de um sistema de reputação mundial, o sistema QUID, utilizado para a codificação automática das respostas às questões abertas.