A discussão em torno da exclusão social tem sido pouco original, porque, ao lado de tentar mostrar outras facetas do problema, volta sempre a reconhecer que a via mais comum de exclusão, ainda, é a do mercado. A desafiliação é um horizonte importante, que enriquece o debate, principalmente, em torno dos problemas da família moderna, mas permancem como centro de atenção o desemprego e fenômenos correlatos, como a flexibilidade das relações de trabalho. Por outra via, é difícil mostrar que parte da população estaria se tornando simplesmente inútil, porque, com um mínimo de visão dialética, a sociedade não é um todo feito de partes justapostas. Ao contrário, esta população sobrante representa para o sistema uma pressão a menos sobre recursos disponíveis. Neste sentido, a discussão deixa transparecer, sobretudo, o pavor do centro se tornar-se um dia algo similar ao Terceiro Mundo. Embora existam autores que mantenham uma visão otimista diante da economia globalizada e competitiva, predomina, hoje, uma expectativa desfavorável, reaparecendo também imagens de ultrapassagem do sistema capitalista, como é o caso de Kurz (Os Últimos Combates). A grande questão continua sendo que tipo de sociedade seria capaz de colocar o mercado a serviço da cidadânia. E se houvesse tal sociedade, não seria a capitalista?