Conhecido como Bairro Imperial, São Cristóvão pode ser considerado um museu a céu aberto, tal a representatividade histórica e simbolismo deste pedaço da cidade. Fundado pelos jesuítas no século XVI, o bairro iniciou o movimento de expansão da cidade rompendo com os obstáculos naturais representados pelos morros que cercavam a área que hoje é o Centro do Rio. Distante da confusão e dos cortiços do Castelo, a sesmaria jesuítica se tornou residência da realeza durante o Império e originou os demais bairros, que viriam a formar a Zona Norte carioca. Nos primórdios da República, São Cristóvão foi profundamente marcado pelas transformações políticas e sociais, perdendo o status de Corte para se transformar em subúrbio de classe média. Mais tarde, foi um dos primeiros bairros a sofrer grandes modificações com a forte urbanização dos anos 30 e 60, ganhando o Pavilhão de São Cristóvão, marco arquitetônico da cidade. Aos poucos, o local perdeu seu ar bucólico, se tornando um bairro de passagem, praticamente esquecido em meio ao movimento de carros e ônibus. Helio Brasil se vale de suas memória pessoais sobre o bairro para revelar ao leitor o São Cristóvão que se esconde embaixo dos viadutos e além das avenidas movimentadas, à espera de reconhecimento e preservação.