A maior parte dos atores entrevistados chegou a São Paulo entre os anos de 1920 e 1935,período em que a cidade se modernizava. Nela, cruzavam automóveis, bondes elétricos, ônibus, construiam-se cinemas, oficinas, indústrias e os primeiros grandes edifícios. Recursos provenientes do comércio do café e da industrialização recente desenhavam o perfil da cidade que ia se tornando cosmopolita num ritmo veloz, mas que ainda mantinha a feição tradicional assinalada por carroças puxadas a cavalo e pelos acendedores da companhia de gás. O fomento à indústria nascente deveu-se em grande parte à mão de obra advinda da imigração e aí estão incluídos os entrevistados. Eles, além de fazerem passar pela alfândega ideológica do país idéias progressistas advindas do vínculo alimentado com partidos ou organizações de esquerda em sua terra de origem, traziam consigo as suas profissões: alfaiates, chapeleiros, passadores, costureiras, sapateiros, pespontadores, comerciantes que vendiam a prestação, deambulando pelas ruas da cidade e periferia em charretes, bicicletas, bonde e ônibus. Reunidos em torno de um desejo comum, acrescentaram à cidade um teatro que vinha de outra tradição, em outro idioma.