Krishna estava triste e me chamou pra conversar. Tava passando por umas bads e queria desabafar, um ombro, um colo, dois ouvidos. Entrei na sua casa, era noite, e o abajur com uma lâmpada quente deixou a sala bem aconchegante. Não bebemos nada, mas pairava um cheirinho de café. Sem ruídos externos, ouvia-a falar sobre tudo que a atormentava no momento e histórias do seu passado que tinham mas também não tinham nada a ver com o que ela tava falando antes. É claro que suas histórias eram sempre permeadas de gracinhas, de piadas ácidas, de uma ironia deliciosa que é very Krishna of her. Enquanto ela contava odisseias transatlânticas, eu me tornei uma mosquinha na parede, e ela pôde se sentir mais à vontade. Fiquei paradinho pra não atrapalhar o fluxo de Krishna nem virar lanche da madrugada de algum dos seus três gatos. Enquanto mosca, fiquei por uns dias na casa dela e acabei acompanhando seu cotidiano. Como ela acorda, o que ela escuta, como cozinha, o que fala quando fala (...)