Vitor Miranda - esse jovem poeta é ar fresco na tradução do caos metropolitano que nos cerca. E também na observação das minúcias de belezas paradoxais com as quais esbarramos despercebidamente na velocidade do cotidiano. Nada é pior do que o abraço que permanece/ mesmo sem a pessoa ficar. Romântico na essência, traz à baila os conflitos pós modernos, a dor e a inquietude da busca para o que ainda não tem resposta. Vitor Miranda traz um brilho que o destaca, seja em performances musicais seja em simples leitura de seus textos por um motivo muito simples: tem a postura de quem considera, como disse Sebastião Salgado, que a humanidade é o sal da Terra, que somos nós que colocamos esse tempero no planeta e que isso já é motivo suficiente para uma postura social em que a solidariedade é inerente. Quando pensamentos voam/ pela janela afora/ livres do cárcere. E essa busca, que passa por Leminski e Gullar, só faz sentido quando se verifica no dia-a-dia, olho-no-olho do cidadão comum. Vitor Miranda vai adicionando sem medida a revolta, paixão, suas dores, o samba, a fotografia e os papos sem fim nos botecos do Butantã. Numa profusão de sentimentos verdadeiros que, ao tomarem corpo, chegam a um resultado saboroso. Revelam, enfim, esses novos tempos que apontam para novas fórmulas de vivência. É o que o Vitor veio nos mostrar.