Hans Kelsen é mundialmente reconhecido por sua Teoria Pura do Direito, abordagem que pretende estudar o fenômeno jurídico independentemente da justiça ou injustiça das prescrições normativas positivadas. Essa postura, entretanto, não significa que Kelsen não tenha se dedicado a enfrentar o problema da justiça. Muito ao contrário, em verdade, o filósofo escreveu sobre a questão ao longo de toda sua vida. O presente trabalho, desse modo, tem como objetivo explorar a visão de Kelsen sobre a questão da justiça, parte da obra do autor que, em geral, tem passado despercebida pelos estudiosos. Mais precisamente, além de oferecer uma sistematização das teses kelsenianas sobre o problema da justiça, desenvolvidas de maneira fragmentada em diversas produções, este livro se dedica a analisar os pressupostos teórico-filosóficos que, incorporados pelo filósofo como alicerces de suas investigações, conduziram-no a uma filosofia moral a qual, rejeitando a cognoscibilidade de valores ou de normas morais absolutos, objetivos e universais, afirma a intrínseca irracionalidade, relatividade e subjetividade das concepções de justiça.