No conjunto de questões que foram debatidas, ao longo dos tempos, para conceitualizar o ensino, encontramo-nos de modo insistente e privilegiado com as que referem ao sujeito, em suas inúmeras formulações, ao saber e ao conhecimento, e à linguagem. Em ausência desses três componentes e considerando os múltiplos autores que durante dois mil e quinhentos anos têm se ocupado disso, é evidente que a representação teorética do ensino seria inviável. Igualmente insistentes e privilegiadas, ainda que com uma modalidade bastante diferente, elas surgem nas construções dos últimos cinquenta anos, apesar de que estarem reformuladas (ou dissimuladas) pela experiência "disciplinaria". Talvez por isso, os debates se circunscrevem à oposição entre as diferentes correntes psicológicas e a psicanálise, ou às diversas vertentes da epistemologia e da metodologia científica, ou às escolas linguísticas, ou, muito marcadamente, às disputas pedagógicas. (...) Nosso projeto teórico se articula prima facies nas encruzilhadas dos fatores que aqui temos apontado. Em primeiro lugar, recuperar a produtividade do passado que dá espessura às discussões. Em segundo lugar, terciar em algumas construções dadas por garantidas e que, em termos gerais, são simples aporias ideológicas, teoricamente heteróclitas e dúbias.