O universo a partir do qual Suzana Montoro define suas formas particulares de expressão e colhe as matérias-primas de sua escrita é o inconsciente, em toda a sua vastidão e complexidade. Não estão estabelecidas localizações geográficas ou temporais recorrentes - sejam reais ou imaginárias - para os enredos de seus breves contos. Os gestos, falas, atos e sentimentos de seus personagens não pretendem tipificar matrizes universais. Suas narrativas não se amoldam pacificamente a determinadas condutas literárias de gênero. Estas dezoito histórias, que se apresentam sob a égide de uma linguagem direta e de um trato carinhoso com a disposição das palavras, traçam um percurso através de superfícies reconhecíveis das relações humanas, sob as quais se movem os intrincados processos da alma. Assim, é possível dizer que a literatura de Suzana constrói-se na travessia por sobre a matéria abismada da psique. (...) O mais simples é que comove, muito virtuosismo incomoda.