Um libelo ecológico contundente e poético, este livro traz imagens belíssimas. Com a força de um missionário, o fotógrafo paranaense Valdir Cruz, que mora em Nova York há 25 anos, faz um esforço incomum ao registrar cerca de 120 quedas d'água no estado do Paraná, apenas durante o amanhecer e o entardecer. Pela Cosac Naify, ele já havia publicado Faces da floresta (2004), um retrato profético dos Yanomamis que beiram a extinção. Há duas características neste monumental trabalho: a da paisagem que provoca êxtase instantâneo e o alerta para o conservacionismo, tão necessário - uma das quedas retratadas por Cruz, o Salto Vaca Branca, fotografada em 1994, já não existe mais. James Enyeart diz em seu ensaio, no livro, que "a notável visão artística de Cruz torna o público consciente das coisas que conectam a natureza à sua espécie pródiga, a humanidade". Como poucos autores, o fotógrafo determina a exatidão de seu trabalho de maneira bastante autoral. O uso de vários filtros criou efeitos de movimento no correr das águas, dando uma plasticidade incomum ao gênero.