Muito já se disse da autora, inclusive que sua literatura é dual. Mas talvez não se tenha enfatizado bastante o caráter dessa dualidade. A literatura de Ely Vieitez Lisboa oscila (debate-se, quem sabe) entre dois polos que certa tradição tenta opor como antônimos e excludentes. Assim é que razão e emoção, pensamento e intuição, paganismo e cristianismo coabitam estes contos de 'Os Girassóis de Girona'. E coabitam em tensão dialética, em estado de provocação, com oposições que não se excluem, antes se enriquecem (...) No detalhe, a recorrência do livro, o que mais avulta de sua leitura é o erotismo, latente, muitas vezes, na descrição física das personagens, na obliquidade de seus olhares; outras vezes explícito no desejo confessado de realização sexual.