Houve claramente um momento latino-americano na história europeia dos anos 1960 e 1970. É possível percebê-lo, especialmente, pelo aumento no consumo de diversos produtos culturais (literatura, música, cinema), assim como por um interesse até então inédito pelas experiências políticas como a Revolução Cubana ou a Unidade Popular chilena. Tradicionalmente pensada como uma periferia do mundo, a América Latina se converte, então, em um centro de interesse maior para toda uma geração de intelectuais do Velho Continente, à qual pertence o francês Chris Marker, figura de destaque – embora ainda pouco conhecida do grande público – na produção cinematográfica do período.Analisando O cinema latino-americano de Chris Marker em uma perspectiva transnacional e decididamente pluridisciplinar, na fronteira de uma história política-cultural e dos estudos cinematográficos, Carolina Amaral de Aguiar desvela aspectos importantes de uma obra militante e engajada, nutrida por inovações narrativas e estéticas, que contribuiu de maneira decisiva para tornar conhecida a história política da América Latina – desde a vitória castrista em Cuba até a morte trágica de Allende, passando pela ditadura brasileira.