As primeiras gerações de cristãos tiveram entendimento muito claro da qualidade sacerdotal que recebiam por pertencer a Cristo: “Ninguém ignora, sábio ou simples fiel, que Cristo significa Ungido... Somente os profetas, os sacerdotes e os reis são ungidos... Isso até a chegada de Nosso Senhor Jesus Cristo... A partir de então, os que creem nele e são purificados pela bênção do batismo, não aqueles poucos conforme a antiga Lei, todos recebem a unção como profetas, sacerdotes e reis”. Durante séculos, bispos e pregadores, grandes teólogos, de Santo Agostinho a Santo Tomás de Aquino, não se cansaram de lembrar o significado dessa doutrina. Ainda hoje, sempre que uma criança ou um adulto recebe o batismo, a liturgia da Igreja continua a insistir que eles são introduzidos em uma comunidade sacerdotal, real e profética. Essencial para o cristão de nossos dias, essa doutrina continua pouco conhecida e causa certo desconforto a muitos fiéis e sacerdotes. A lembrança de sua origem no Novo Testamento, a constância de sua história, seu alcance doutrinal e a espiritualidade decorrente deveriam ajudar a redescobrir sua riqueza. O que está em jogo é a verdade da existência cristã não somente na Igreja, mas também no mundo e diante de Deus.