'Meridiano Celeste' é um livro que repele sínteses, até por parecer, de modo um tanto enganador, também uma síntese. Porque é uma síntese em processo explosivo. É esse movimento em expansão que parece caracterizar, nestes poemas, a experiência do poeta que chama para si uma variedade vertiginosa de outras tantas experiências do presente e do passado. Há uma percepção de atemporalidade que se apega ao sujeito concreto destes poemas. Nele se dá a aventura. Trata-se de uma ilustração à medida para a idéia de Octavio Paz segundo a qual, 'no caso da poesia moderna, o sujeito da experiência é o poeta mesmo; ele é o observador e o fenômeno observado'. Livre das amarras ideológicas, religiosas ou não, ele está entregue a si próprio, tudo é permitido. Assim, não se prende a limites geográficos e muito menos culturais. Pode estar tanto no Rio como em Roma, Berlim, Beirute, Jerusalém. Pode falar tanto da Bíblia e de Islamismo como de Cristianismo e seus representantes máximos. Pode falar de filósofos e místicos de todas as épocas. Pode incorporar todos eles, porque no conjunto, enfim, eles construíram o homem através dos milênios até o momento presente da passagem.