Quando visito o universo ficcional em formação de escritoras como Cristina Bresser, que há bem pouco tempo conheci ainda como uma promessa da nossa nova literatura, o inglês Jonathan Coe, um dos meus escritores favoritos, sempre se revela um bom guia. Coe, um obcecado pela arte do encontro como manifestação algo nostálgica, não necessariamente do passado, mas de um outro presente possível (o que vejo também em Cristina), disse certa vez: Quero que meus leitores possam passear por meus livros como se fizessem uma visita guiada a uma casa antiga e bela. (Comigo de guia, claro.). As histórias de Cristina Bresser por vezes dão essa sensação de um clássico cenas da vida privada: quase se leem como crônicas de uma visita guiada a certa intimidade. A leitura fluida, apenas aparentemente fácil, se dá muito por conta da diversidade de contadores-de-suas-próprias-histórias, narradores que se alternam numa também bem-sucedida alternância entre humor e cenas comoventes. Ainda que o (...)