Neste ensaio arrebatador, o dramaturgo Samuel Beckett, nome incontornável da literatura do século XX, debruça-se sobre a obra de outro gênio do modernismo: À procura do tempo perdido , do francês Marcel Proust. Escrito sob encomenda no verão de 1930, antes da estreia de Beckett na ficção e nos palcos, Proust oferece um assombroso diálogo entre duas mentes brilhantes e prenuncia estratégias estilísticas do autor irlandês: as frases incisivas e o pensamento límpido, que parece sempre andar na corda bamba do abismo do absurdo. Por ter sido redigido logo após sua célebre análise de James Joyce, o ensaio contempla a profunda conexão de Beckett com as vanguardas modernistas, não apenas assimilando a radicalidade do movimento, mas agindo como intérprete de sua ousadia. Esta leitura de Proust é, também, um manifesto. [...]