Um sertão chamado Brasil é o livro de Nísia Trindade Lima, doutora em sociologia pelo Iuperj e professora da UFRJ, que a Editora Revan, em co-edição com o Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro, está publicando. Neste livro, a autora pretende explicar as razões da persistência e da ênfase com que a oposição entre o Brasil do litoral e o dos sertões foi abordada no pensamento social brasileiro, especialmente no período de 1850 a 1964. A presença deste tema é relacionada a duas explicações complementares. De um lado, à forma como os intelectuais percebem os caminhos da modernidade na sociedade brasileira, particularmente no que se refere às distâncias sociais e culturais. De outro, à forma como têm representado seu próprio lugar - o de exilados, ou "desterrados na própria terra"- na hoje célebre expressão de Sérgio Buarque de Holanda. A obra vem se somar a um conjunto de investigações dedicadas a pensar as relações entre a formação das ciências sociais e o debate sobre a nacionalidade. Demonstra que, no caso brasileiro, a construção simbólica da nação apresentou como um dos seus eixos centrais o dualismo entre litoral e sertão, que esteve presente na reflexão de importantes intelectuais com Euclides da Cunha, Oliveira Vianna, Monteiro Lobato, Emilo Willems, Guerreiro Ramos, Florestan Fernandes e Antonio Cândido.