Em mais uma história de perder o fôlego, Marcelo nos traz um novo faroeste caboclo, agora passado em Arame, lugar remoto na parte da Amazônia onde nasce o sol. A exemplo de Flores de beira de estrada (2019), o romance deixa expostas as entranhas de um Brasil-bem-brasileiro ao explorar o gênero que se costumou chamar de realismo social talvez o mais necessário à percepção do que realmente somos: um país em busca de melhoras, que só se darão pelos caminhos do autoconhecimento (de seu povo) e do enfrentamento de nossas mazelas. Nesse livro, trabalhado com maestria, juntam-se fatos e diálogos com uma técnica narrativa que traz o leitor para bem perto do que está acontecendo: as vozes de certos personagens misturadas à do narrador (discurso indireto livre) tornam ainda mais viva a história em que o suspense e o existencialismo correm soltos. A ação nos é oferecida entre pensamentos, ou o contrário, e assim o passado e o presente se explicam mutuamente. (...)