Diferentemente de outros ramos industriais, como a Indústria Alimentícia, Mecânica ou Eletroeletrônica, por exemplo, a chamada Indústria Cultural não reúne os detentores dos meios de produção em sindicatos patronais nem de trabalhadores. Poder-se-ia pensar que se trata da falta de espírito corporativo. Mas não é ai que reside a raiz do problema, que na verdade decorre de uma deficiência na própria formulação conceitual do que seja Indústria cultural. Tal é o tema de Indústria Cultural: A Agonia de um Conceito. Abordando todas as implicações da noção, Paulo Puterman mostra que, na ilusão de se tornar abrangente e explicativo, o conceito em questão nada explica, aumentando a imprecisão na identificação de produtos diversos em sua origem, forma e conteúdo. À luz desta crítica, o presente ensaio não se propõe a formular um conceito alternativo, mas focaliza aspetos tecnológicos e comerciais inerentes a produtos específicos, detendo-se particularmente em dois, o primeiro disco de Elvis Presley e o conjunto da obra de Beethoven lançado em CD’s gravados por Karajan, como casos exemplares de sua mise au point.