Filha é a unidade vocabular perfeita para nomear esse livro que começa com uma dedicatória voltada aos que não vingaram. Nayara Noronha desenha em seu romance de estreia uma complexa relação entre mulheres diferentes ligadas uma à outra por dois partos: o inicial, que as tornaram mãe e filha, e o mais recente, aquele que jogou ambas no limbo do luto das mortes inexplicáveis, lugar onde nem a linguagem se basta. Dividido em três partes, as narrações distintas, marcadas pelo uso de expressões mineiras e pelas vivências territoriais e temporais de cada uma, moldam como o leitor entra em contato com as personagens, criando um jogo bem interessante de contraste e aproximação entre as experiências de mundo e as memórias dessa família.