Caraíbas e morubixabas. Assim os antigos Tupi da costa brasílica chamavam seus grandes pajés e chefes de guerra. Nas fontes dos séculos XVI e XVII estes eram muitas vezes reconhecidos como profetas e principais. Como um problema relacionado a povos d o passado - a imbricação entre o que convencionamos chamar de "religioso" e "político" - pode ser repensado agora, em vista das etnografias sobre povos atuais, com suas novas interrogações? Em que medida é possível falar em uma "ação política ameríndia", uma vez revelada a constante metamorfose de intrigantes personagens, como chefes, guerreiros, xamãs, profetas, sacerdotes, feiticeiros, entre tantos outros? Eis as questões e os desafios lançados por este livro, que toma como ponto de partida as ideias de Pierre e Hélène Clastres sobre os mecanismos indígenas de recusa e conjuração do poder coercitivo e de toda unificação ontológica.