Seria possível sintetizar a parcela de maldade que nos compõe e nos livrar dela, nos tornando seres inteiramente bons? E caso fosse possível, seria desejável? O médico e o monstro narra a história de um homem respeitado, cujas relações com um personagem sórdido, de aparência grotesca, faz com que seus amigos desconfiem de que ele está sendo vítima de chantagem. Empenhados em ajudá-lo a libertar-se desse suposto explorador, começam a investigar os vínculos entre os dois homens. Essa seria a dimensão mais superficial deste clássico do horror psicológico. Mas há algo que torna a história mais assustadora, e é sua dimensão alegórica. Por ela, entende-se que todas as pessoas são compostas de partes boas e partes ruins, e que essas partes lutam entre si para dominar a personalidade. A psicanálise reafirmaria as ideias propostas no livro, mostrando a presença irrefutável, em cada um de nós, de um Mr. Hyde mau, deformado, inescrupuloso e vingativo, e de um Dr. Jekyll bom, agradável, virtuoso e humano.