Quem sabe quando pararmos de contar o tempo e o tempo parar de nos culpar a natureza se manifeste abertamente e preencha diante de nossos olhos os vazios de cada um. Isso se tivermos ousadia para não mais contar o tempo. Saibam que ele nos culpa, ele nos chama de morte, ele nos chama de feiura, ele nos chama de mortais porque fomos nós que amaldiçoamos as coisas tocando-as com as nossas vozes, condenando-as à finitude e junto com elas, condenando a nós mesmos. Nem de longe é um ledo engano, porém, um engano daqueles, proposital. Essa é apenas uma parte do que será dito com franqueza. Quem quiser ouvir o resto, pare de contar o tempo, pare de manchar as coisas com sua voz e veja a natureza preenchendo os espaços com maestria e primor, poeticamente encaixando cada coisa no lugar que imaginar mais interessante.