A prática historiadora nos últimos 30 anos renovou-se no contanto direto com as questões impostas pelo tempo presente. Memória e testemunho tornaram-se os elementos centrais para a operação historiográfica em estreito diálogo com as demandas do seu próprio tempo. Nesse movimento, profissionais de história sobretudo nos exercícios de história oral e nos domínios da história pública se aproximaram dos documentaristas, um deles em especial, Eduardo Coutinho. Desde o Cabra Marcado para Morrer, o cineasta provocou a história no confronto com a memória através do testemunho transformador de seus personagens. Quem se esquece da fala final de Elizabeth assumindo a sua verdadeira identidade depois de anos exilada dela mesma? Provocar a memória, para que ela se atualize em testemunho, foi uma das estratégias usadas pelo cineasta na configuração das narrativas em seus documentários. O estímulo à narrativa testemunhal ganha contornos ainda mais complexos no documentário tratado nesse [...]