Aqui temos memórias que atravessam histórias que Kamila Costa vê e lê e um tanto de muitas outras absurdamente invisíveis. São também as de qualquer uma: casas da infância, dedos do pé de algum pai, lugares, livros, pessoas que conhecemos ou não. Há um ritmo desapressado e um tempo impróprio em cada poema. Como uma artesã que trabalha com a tranquilidade de quem se move muito devagar enquanto as mãos dão vida a algo e não se sujeitam aos tempos de aceleração. Poemas desenhados entre a lembrança que esquece e a memória que ainda não é, algo como o peso de centenas de filhotes de elefante. Poemas marcados pela delicadeza do amor lésbico, sangria de outros sentidos de ser entre desejo e ética e um olhar que é um dispositivo ontológico e político. É o feminino que vem forte como método, o erótico e sua aproximação às torções do texto e da vida. Notas musicais, ritmos do barroco ao lançar uma pergunta que atravessa o corpo: o que queres?. Um conjunto de poemas feito um golpe com a mão (...)