Apesar da pós-modernidade, o texto de Hegel sobre a Razão e a Política conserva uma surpreendente possibilidade de atualização. Isso se explica a partir do fato de que, mesmo à luz do caráter “idealista absoluto” e epocal do sistema de seu pensamento, Hegel é um pensador profundamente realista e, dentro de seus limites, alguém que procurou metafisicamente levar a sério o seu tempo. É nesse sentido que o filósofo afirma a impossibilidade de o pensamento ultrapassar o seu tempo, bem como a inutilidade de tentar adivinhar o futuro, apesar de podermos compreender algumas tendências e propensões. Assim, pensar hoje a compreensão hegeliana do político é um desafio fecundo. Convicto de estarmos inseridos na tradição do pensamento ocidental que tem seu germe nos gregos e seu resultado mais elaborado em Hegel, o autor analisa nesta obra a filosofia política de Hegel à luz de sua filosofia total e estabelece em que sentido a filosofia política hegeliana pode apresentar-se a si mesma como saber absoluto e definitivo do Estado. Ao mesmo tempo, reafirma a relatividade de toda filosofia política, uma vez que só pode dizer a política do tempo por vir a partir do interior de seu próprio tempo. Trata-se de uma filosofia da filosofia política.