Inocêncio Mártires Coelho publica mais um livro indispensável à teoria do direito (da constituição). Página depois de página, o leitor se vê enredado na trama lúcida e elegantemente estruturada, para tentar descobrir que é o direito, a que serve, em que se funda (e como se faz). A ontologia jurídica é, também, uma pragmática e uma epistemologia que se autodefinem sobre e nos plurais jogos de linguagem da justificação à aplicação do direito. A reflexividade jurídica se desenvolve na tarefa interpretativa dos diferentes cosmos e leituras da constituição, como valor, liga ou mito narrativos que atravessam toda a ordem jurídica, impondo-lhe uma abertura teleológica à liberdade e à igualdade. Cada palavra da lei, de qualquer lei, está impregnada desse sentido constitucional, a interpelar o intérprete. Daí se repetir, no livro, que a hermenêutica constitucional é mais do que nunca a epistemologia do direito.