Depois de tornar-se o primeiro brasileiro a ganhar o Prêmio Caminho de Ficção Científica (Portugal /1989), com A espinha dorsal da memória, e de ser admitido na oficina literária da Universidade de Michigan (EUA), a Clarion Workshop, Braulio Tavares publicou seu primeiro romance ficcional, “A máquina voadora.” O livro pertence a um ciclo ambientado com imprecisão entre os séculos XIII e XIV, na cidade de Campinoigandres. Ao contrário da maioria dos romances de fantasia, que opta pela tradição céltica, Tavares desloca a ficção para a Península Ibérica, contando a história de um grupo de homens humildes que, através de pergaminhos obscuros, tomaram conhecimento de uma sabedoria cuja origem parece ser não o passado, mas o futuro. Circula entre eles a lenda de que existe na cidade um grupo de homens, denominados Pensadores, que têm livre acesso a esse saber, que pode desvendar a existência de Deus e até mesmo o formato do Universo. A definição dos efeitos a serem alcançados, a adequação da narrativa, a ausência de qualquer constrangimento por utilizar a fantasia, tudo contribui para o resultado da ficção de Braulio Tavares. Mais que criar uma determinada fórmula, o autor abriu para si próprio e outros escritores um filão, onde, indo mais fundo, parece haver muito a explorar e descobrir.