Trata-se de texto introdutório à arte de estudar, argumentar, aprender, pesquisar, elaborar, tendo como referência de fundo tornar-se autor. Tornar-se autor significa construir sua autonomia como alguém capaz de proposta própria, tendo como apoio a habilidade de saber pensar. Não quer dizer apenas habilidade de conversa, texto, teoria, mas principalmente de interferir na prática, mudando rumos do que podemos e queremos ser na vida. Nem por isso trata-se de "auto-ajuda" ou coisa parecida, mas principalmente porque autonomia tem o preço da responsabilidade pessoal e social. Mais que escutar aula, tomar nota e fazer prova, é crucial saber pesquisar e elaborar, tecer argumentações e contra-argumentações, abandonar o argumento de autoridade em nome da autoridade do argumento, fundamentar sem pretender ser dono da verdade. O questionamento, entretanto, precisa ser coerente, ou seja, deve admitir autoquestionamento, pois é contraditório questionar e não admitir ser questionado. É importante saber escutar os outros com atenção, tomar a sério o que outros querem dizer, fundamentar o que se diz, rever posições para que as idéias não virem idéias fixas, não impor à força, aos gritos, ou sorrateiramente. Toda boa argumentação é feita para podermos continuar argumentando, não para chegar a um porto seguro que seria, mais propriamente, uma prisão. É fundamental saber convencer, sem vencer. Como diria Habermas, trata-se da força sem força do melhor argumento. Verdade não tem dono, porque é apenas pretensão de validade. Todos a procuramos, mas todos a encontramos diferente e diferentemente.