A obra de Dominique Cardon, A democracia Internet, aborda - de forma conclusiva e ao mesmo tempo instigante - o papel que essa nova mídia desempenha no cotidiano das relações individuais, e adverte para as mudanças a que os tradicionais padrões democráticos estão sujeitos, sobretudo ao constatar a ampliação do espaço público pelo já incontrolável turbilhão da nascente era digital. O autor ressalta, curiosamente, que a Internet não foi projetada para permitir que um único emissor atingisse um indefinido número de receptores, porém para viabilizar as trocas entre emissores e receptores simultaneamente. A expansão ilimitada da nova mídia, sinônima de comunicação, informação, entretenimento etc., excedeu os seus próprios limites, a ponto de se pensar inimaginável um mundo "desvirtualizado", próximo, portanto - diriam alguns -, das inconcebíveis idades ancestrais. Dominique Cardon sugere que, ao inserir amadores na cena pública, a Internet derruba privilégios de alguns segmentos profissionais - e ocasiona, assim, a benéfica extensão dos debates democráticos. A democracia Internet preenche importantes lacunas de discussão sobre essa nova era, e propõe uma reavaliação dos seus alcances e influências no mundo irreversivelmente globalizado.