A história da crítica de arte no Brasil, ao tratar do período modernista, se fundamenta essencialmente em três figuras: Mário de Andrade, Sérgio Milliet e Mário Pedrosa. Aliás, os “Mários” delinearam para nós os contornos da narrativa modernista, com os quais ainda hoje não rompemos plenamente. Por isso mesmo, o volume que ora se apresenta é da maior relevância. Primeiro porque procura analisar em conjunto, e dentro do contexto modernista, os escritos de um personagem que também teve papel fundamental na história da arte no Brasil; segundo, porque a partir dessa análise foi possível revisitar outra história da abstração no país, na década de 1950. O personagem é Lourival Gomes Machado e a vertente que seus escritos trazem à tona é a do abstracionismo informal.Ana Cândida de Avelar enfrenta algumas questões fundamentais para a revisão do modernismo no Brasil. A autora procurou reconstruir as referências intelectuais de Gomes Machado, ao falar sobre arte e arquitetura no Brasil, identificando na medida do possível quem poderiam ter sido ou de fato foram os interlocutores do crítico na sua tentativa de escrever uma história da arte brasileira. Dentre eles, Avelar destacou os escritos de Wilhelm Worringer e Heinrich Wölfflin, contribuindo assim para refletirmos sobre os trânsitos entre centro e periferia.