Tortura, violência política, mortes e perseguições a intelectuais, estudantes, artistas e trabalhadores são os ingredientes mais visíveis da ditadura militar a partir de 1964. Esses fatos foram alimentados por um 'realismo político' que em poucos anos mostrou sua verdadeira face. Enquanto exaltavam o nacionalismo, os golpistas abriam a economia às multinacionais, criando a maior dívida externa do terceiro Mundo. Enquanto proclamavam a 'democracia ocidental e cristã', perseguiam, proibiam, torturavam e assassinavam. Enquanto pregavam o moralismo, patrocinavam os maiores atos de corrupção. 50 anos depois, este livro mergulha nos porões da ditadura e faz uma análise fria do período, buscando as raízes da luta ideológica e econômica e das suas relações internacionais, desde os governos de Getúlio Vargas, Jânio Quadros e, naturalmente, João Goulart.Em "O Golpe de 64 e a Ditadura Militar", o autor examina as raízes econômicas, sociais e políticas que propiciaram o golpe de 64. Embora Goulart não representasse de fato o 'perigo vermelho', suas propostas de reformas ameaçavam privilégios das elites econômicas urbanas e latifundiárias. Além disso, as idéias nacionalistas tentavam romper com o modelo dependente de nossa economia, o que contrariava os interesses da indústria comprometida com o capital estrangeiro. Uma forte propaganda, financiada pelos Estados Unidos do período da Guerra Fria, atemorizava a classe média e conseguiu a adesão da sociedade civil contra o governo. O resto da história foi revelado aos poucos por aqueles que se desencantaram com os rumos da política dos militares e pelos que sofreram o horror da repressão; a tortura, a censura, a eliminação do estado de direito.