A excitante e amarga experiência de compartilhar a própria namorada com outro. Um milionário coleciona ruínas. Num quarto de motel uma mulher narra o reencontro com a filha morta. Um editor atura um escritor só para roubar-lhe a companheira.Um breve e fulminante monólogo kafkiano diante do túmulo do pai.0 mundo implacável de Frio, um momento singular em nossa ficçãoJá a partir do título este livro anuncia que não está aí para enganar ninguém. E segue na dedicatória, e na epígrafe, e no primeiro conto, provocador e ao mesmo tempo de um realismo desconcertante.São dezoito histórias quase em dezoito estilos, exagero à parte. Paulo Bentancur sabe que o estilo é o homem, logo o escritor só pode ser identificado por uma voz recorrente, mas em Frio, Bentancur não resiste a fazer experiências (marca de sua obra), a bancar o ventríloquo. Dá para se dizer que no mínimo os seis primeiros contos poderiam ser escritos por seis diferentes escritores. O que não deixa de soar irônico num livro com vocação para o realismo mais cru, tipo Rubem Fonseca, e o humor mais negro, tipo Kafka ou Dalton Trevisan.