O romance se divide em três partes, com três narradores distintos, que procurarão dar conta de um pouco mais de quatro décadas da história do Brasil, a partir dos acontecimentos pré-regime militar em 1964, até mais ou menos 2005, época da crise do famoso Mensalão vivida pelo governo petista. Há uma sutil ligação entre os narradores dessas partes, onde se ressalta a figura do primeiro, ou o iniciador de uma espécie de saga interiorizante que perpassará poderosamente pelos outros dois narradores seguintes na apreensão da Amazônia brasileira por meio de suas próprias feridas em um diálogo surdo com o nosso país. Em diferentes graus, são os indivíduos, no olho do furacão de cada período, que foram trazidos à tona e investigados por seus relatos nas minúcias de um comportamento nervoso-existencial na relação com os limites de ação por meio de um olhar muitas vezes poético ou desafiador da própria realidade elaborada. As escolhas e delírios parecem ser resultados de um processo que envolve muito mais do que simplesmente buscar heróis ou culpados para saber o que deu ou não certo para a Amazônia e o Brasil. Cada narrador sofrerá um tipo particular de influência daquela região e passará para frente a contaminação dos mundos interpretados através de seus olhares.