A tragédia do fascismo não é algo que se instaure com um único lance, que se alcance com um único movimento, com um único esforço.Contudo, tornou-se lugar-comum entender que o fascismo que vivemos no Brasil tenha advindo das movimentações de junho de 2013. É compreensível que se tenha essa percepção, porque foi um momento de grande tensão, e em que a movimentação foi visual, havia centenas milhares se manifestando reiteradamente nas cidades do país.Mas na verdade o fascismo que vivemos é resultado de três grandes ondas, nas quais setores inteiros se mobilizaram para construir o apoio popular que necessitavam, até porque o que tinham de obter não era simples de ser obtido: que as pessoas passassem a apaixonadamente esbofetear o próprio rosto, ao defender uma ideologia que punha por terra seus próprios interesses.A primeira onda é a mais longa e mais complexa, envolve o empresariado e think tanks destinados à causa.