Perpétua, a estreia de Dionisio Neto, em 1996, deu uma bela chacoalhada em nós que fazíamos teatro nos anos 90, em São Paulo. Além de revelar um intérprete de talento ful-gurante, apresentava um dramaturgo que valorizava a palavra poética, desafiando as convenções teatrais mais ortodoxas. Na sequência, com Desconhecidos e Corações Partidos e Contemplação de Horizontes, Dionisio seguiu buscando uma nova autoria, incorporando outras linguagens artísticas em sua escritura, produzindo solilóquios carregados de um lirismo pungente. Fiel ao imaginário urbano e contemporâneo, com personagens de comportamento ambíguo em relação à cultura pop, o autor, com o passar dos anos, passou a atuar com desenvoltura no cinema, na TV e na música. Esta coletânea, preciosa por registrar uma trajetória vigorosa em nossa dramaturgia, ainda traz o inédito A borboleta dançando parecia a brisa beijando a primavera (2013), em que o autor permanece sondando as possibilidades da escrita teatral, mas agora com uma marcante mudança de tom, por meio de uma comovente ode à arte de viver.