Para Guimarães Rosa amar os animais é aprendizado de humanidade. Já para Clarice Lispector, não ter nascido bicho foi sua secreta nostalgia. Donna Haraway gosta de saber-se um macaco, entre macacos, ciente de que somente 10% dos nossos genomas são considerados humanos. Para Cristine Takuá, se fôssemos criados entre leões, falaríamos a linguagem deles. Para Carlos Papá, animais e plantas são seres criativos. Em O animal que logo sou, Derrida sugere que animalidade é a potência de se relacionar com o outro através dos sentidos e pelo coração. Para nós, investigar a animalidade foi antes de tudo, uma aproximação com o corpo e um afrouxamento da necessidade de controle. Aqui o leitor vai encontrar os rastros de um acontecimento: este grupo heterogêneo de 12 autores/as de diferentes regiões, idades, gêneros, descendências e maturidade em relação à poesia, esteve imerso na Amazônia paraense de 11 a 20 de dezembro/21, logo após longo período de recolhimento por causa da pandemia. (...)