Ações do final do século XX e início do século XXI, movidas por entidades do movimento negro brasileiro desencadearam o debate sobre o papel da escola na reversão das desigualdades raciais e evidenciaram o quadro de exclusão que atinge o povo negro brasileiro. Nesse contexto, transformar a educação brasileira positivando esse conhecimento tornou-se um grande desafio. A escola tem sido questionada no seu papel de educar para a diversidade, ao tempo em que deve comprometer-se com a superação das desigualdades. Assim, o domínio do conhecimento científico é necessário ser vinculado da formação humana que promova uma mudança de consciência e de atitude. Dessa forma o tratamento da história e da cultura dos povos africanos e dos seus descendentes deve promover um sentimento de pertencimento, de orgulho dessa história passada e presente, que nos possibilite uma reflexão de que todos os povos produzem conhecimentos, transcendendo a visão eurocêntrica. Nesse contexto o nosso trabalho tem como principal proposta reunir profissionais da educação, organizações do movimento social e pesquisadores da temática para fazermos uma releitura da educação brasileira e construirmos estratégias didático-pedagógicas para o tratamento positivo da temática africana e afrodescendente na escola e, a partir dessas reflexões, o Caderno de Textos se propõe a colaborar com a instrumentalização dos docentes para que possamos avançar no processo de implementação da Lei Nº. 10.639/03. As temáticas apresentadas aqui foram amplamente discutidas no V Seminário Artefatos da Cultura Negra, que aconteceu na Universidade Regional do Cariri em setembro de 2014, e revelam o compromisso de uma parte da intelectualidade negra brasileira que tem colocado os seus estudos a serviço da transformação da sociedade.