Por volta de 1901, um dicionário de 'gíria portuguesa' definia capoeira como 'jogo de mãos, pés e cabeça, praticado por vadios de baixa esfera (gatunos)'. Isto não está inteiramente correto, uma vez que, naquela época, o termo já designava principalmente um tipo social, bastante temido por suas abilidades e tropelias. Um século depois, a capoeira entrou nos costumes e tornou parte da cultura brasileira. É disto que o livro trata. Marco, cultor de capoeira e da charge jornalística, joga agora com as letras. A sada de Besouro, capoeirista e um dos ícones da mitologia popular na Bahia, recebe aqui uma forma narrativa compatível com a oralidade por onde se costuma transmitir a cultura do povo. 'Oratura' é um nome adequado - um texto em busca de equilíbrio entre as convenções da escrita e os ritmos irregulares da fala.