Comentário do Pe. Paiva (Raul Pache de Paiva, SJ) diretor de redação da revista Mensageiro do Coração de Jesus, uma publicação de Edições Loyola Quando pensamos em profetas do AT, pensamos em homens religiosos (embora houvesse profetizas, também). Sabemos que Amós foi pastor e coletor de figos, um, diríamos, "bóia fria". Mas a leitura atenta, texto e contexto, com ajuda do Autor, nos leva a perceber em Miquéias como pode ser verdade, com todo peso do real, que "a voz de povo é a voz de Deus". Melhor ainda: o profeta é inspirado para ser voz dos sem terra, e por isso mesmo, sem voz. Alguém já escreveu que a pior face da miséria é deixar seus "filhos" sem que ninguém os ouça. Relendo o profeta Miquéias com as indicações do biblista e Pastor presbiteriano, doutor na área do AT, nos faz estimar ainda mais Miquéias, aquele que deu aos magos a orientação sobre o lugar do nascimento do Messias. Leitores pouco interessados em "coisas" bíblicas se surpreenderão em perceber como a visão profética lança luz sobre problemas sempre atuais dos estados e governos que, querendo ou sem pensar, se vão tornando opressores das forças do trabalho, produção e criação do povo, que dizem defender, organizar e representar.