Narrativas impuras, de Eneida Maria de Souza (UFMG), constitui valioso recurso para acesso a uma memória da crítica literária brasileira. Memória impura, certamente, mas, por isso mesmo, destinada à sobrevivência. A obra apresenta um rico painel do desenvolvimento dos estudos literários no Brasil desde os anos 1970, orientado em favor de uma visão genealógica na qual os conceitos do presente são articulados àqueles desenvolvidos pelas correntes fundadoras da Teoria da Literatura, das quais a autora revela domínio inegável. As quatro seções do livro nos conduzem a um acervo sempre em movimento, onde podemos reler a história do modernismo e suas contradições, o trajeto das disciplinas de Teoria da Literatura e Literatura Comparada e sua contribuição para a fuga aos necrosados regimes duais de pensamento, a abertura promovida pelos Estudos Culturais e outros assuntos.