Em seu segundo livro, Orlando Muniz nos brinda com um desfile de personagens que transitam entre a ficção e a realidade. Às vezes, suas histórias se cruzam; topam com seres do além e até da animação infantil, resultando em situações hilárias, burlescas e inimagináveis para nós leitores. Nas páginas de Máscara das Palavras vamos encontrar figuras pitorescas como Dr. Orfeu Batatais, chefe de alto coturno do Serviço das Águas Sanitárias, com sua esposa Carminha Lucrécia, cujas vestes parece mais um caixão de defunto rico entubado em abadá de afoxé, e seu motorista, o garboso Patrício Azeitão; políticos tradicionais como o Tenório Veloz, que tinha mais medo de água que bode velho em beira de açude e com vocação perpétua na babação de ovo; o líder Juan-Manuel Suarez e sua aventura fantástica atrás da máscara das palavras em meio à ditadura; a fé em forma de ganância de Nonatinho, o único dentista de sua cidade, que aportara por ali com um boticão surrado na mão e uma maletinha preta na outra. Máscara das Palavras esconde a realidade, ao mesmo tempo em que revela o lado surreal da existência humana; esconde a ficção da vida, ao passo que nos mostra a realidade nua e crua, trágica e cômica. Tudo isso graças à mente fértil e criativa como a de Orlando Muniz, uma revelação para a literatura brasileira.