Pela dificuldade em ser classificado, quando de seu lançamento (1975 na França, 1977 no Brasil), 'Roland Barthes por Roland Barthes' acabou sendo definido pelo que não era - nem uma autobiografia nem um livro de 'confissões' (embora com muitos elementos de um e de outro). Afinal, a primeira frase, manuscrita, do livro é que 'Tudo isto deve ser considerado como dito por um personagem de romance'. Compondo o livro por fragmentos, Barthes deu-se a oportunidade de ser levado apenas por sua imaginação e pelo gosto da escrita. Daí surgem evocações de sua infância e juventude, reflexões sobre suas experiências de vida, sobre seus autores e leituras preferidas, sobre seu trabalho teórico, sobre utopias, sobre ficção e teatro, sobre a linguagem, sobre as palavras... No centro está um retrato em múltiplas dimensões do próprio Barthes que esclarece o projeto de um dos mais criativos e interessantes intelectuais de nosso tempo. Composta de fragmentos e imagens sobre os mais diferentes temas e momentos da vida do autor, esta obra não é apenas um relato autobiográfico. Trata-se de reflexões filosóficas e críticas com comentários afinados sobre a linguagem, escritores, a literatura, o sonho, a memória, o teatro, a sexualidade, a ideologia e demais assuntos que permearam a carreira de um dos grandes pensadores franceses do século XX.