Primeira letra do alfabeto hebraico, o 'aleph' dá nome a uma das mais bem realizadas obras de Jorge Luis Borges, reunindo 17 contos - traduzidos por Flávio José Cardozo (revisão de Maria Carolina Araújo e Jorge Schwartz) - que sintetizam momentos extremamente diversificados da narrativa borgeana. Nela encontramos exemplos magistrais do gênero fantástico, em que uma prismática imaginação se desdobra nas infinitas visões da paisagem narrativa. O passado e o presente se confundem nas tramas oníricas que se contrapõem à realidade cotidiana. Uma espécie de crioulismo cosmopolita o leva a reconstruir uma épica de sua própria família, povoada de índios aloirados, passar por Tebas, pelo país do trogloditas, pela Espanha islâmica de Averróis, por desertos árabes e até por uma prisão na cidade asteca de Tzinacán, no conto 'A escrita do Deus'. Histórias de reis, imperadores e sacerdotes se amalgamam ao cotidiano de personagens insípidos, medíocres e suburbanas