O livro intitulado "Memórias de uma família negra brasileira - Os inquilinos da casa amarela" é de autoria do jornalista e militante da causa negra Walter Gualberto de Brito. A obra é uma reflexão sobre a história de Formosa, Goiás, Entorno de Brasília e nordeste goiano, centrada nas questões raciais da região, vivenciadas por uma típica família negra, que venceu os obstáculos do preconceito. Essa família, formada pelos pais que tiveram pouca escolaridade, ele alfaiate e ela porteira e merendeira de um grupo escolar, criou oito filhos, priorizando a educação, como forma de resistência, o que lhe permitiu ascensão social. Dos oito filhos, todos obtiveram um diploma universitário e dois se destacaram na carreira política, prefeitos de cidades do Entorno de Brasília, quando puderam exercer a liderança negra e apoiar seus munícipes e a comunidade kalunga que se concentra na região. Militante da causa negra no Brasil, pois além de ter participado durante muitos anos do movimento negro de Brasília e do Rio de Janeiro, o escritor foi também diretor da Fundação Cultural Palmares, à época órgão vinculado à presidência da República, e, hoje, ao Ministério da Cultura. Por essa razão aborda com profundidade o tema racial, sem ódio, apenas contando os fatos como realmente acontecem. Descreve questões ocorridas em Formosa, Goiás, Brasília e em outras regiões do País, quando conheceu e tornou-se amigo de personalidades negras como Abdias do Nascimento, Grande Otelo, Ruth de Sousa, Milton Gonçalves, Jorge Coutinho, Carlos Alberto de Oliveira Caó, Aparício Xavier, Edmilson dos Santos, Glória Maria, Alcione, Wilson Simonal, Zezé Mota, Martinália, Joãozinho Trinta, Adalberto Camargo, Teresa Santos, Lourdes Teodoro, Oswaldo Ribeiro, Albuíno Azeredo, Alceu Colares, Nelson Mandela e Edson Arantes do Nascimento, o popular Pelé. A história narrada nesta obra é focada na questão educacional, que tem como pano de fundo, a casa amarela do Grupo Escolar Americano do Brasil, onde a família residiu durante muitos anos. Essa escola tornou-se referência na formação básica dos estudantes formosenses e da região, por mais de meio século. O autor compara o Grupo Escolar Americano do Brasil com outras escolas do País e mostra que a instituição goiana nada deixa a desejar em relação às escolas estaduais dos grandes centros da nação brasileira. A obra viaja no tempo para contar a história de famílias formosenses, muitas radicadas em Brasília, especialmente daquelas que se relacionaram com os inquilinos da casa amarela. A saga das famílias que viveram naquela residência, em sua luta contra a pobreza, se identifica com a história de todos aqueles, que fizeram da educação, o objetivo principal de sua existência.