"Não é um erro dizer que o debate contemporâneo travado no campo da teoria política foi marcado por questões sobre a conciliação entre os princípios universais de justiça e as concepções particulares do bem, dado o desafio do pluralismo, que deu fim às ideias de composições sociais homogêneas e expôs sociedades multiculturais nas quais se encontram concepções conflitantes de bem viver. Desde os anos 1970, novas questões e críticas surgiram para a teoria política preocupada em tratar o tema da democracia nas sociedades atuais que se revelam multissegmentadas, marcadas por uma grande heterogeneidade cultural. Esse diagnóstico apontou para um problema imediato na regulação da vida social dentro de um Estado democrático: como justificar, em sociedades heterogêneas, princípios que devam reger as práticas e instituições políticas? Como fazer valer, igualmente a todos, normas gerais de regulação da vida social? O livro que o leitor tem em mãos faz uma introdução às teorias de John Rawls e Jürgen Habermas, autores que intentaram apresentar respostas àquelas questões e procuraram abrir mão de alguma doutrina substancial, que não mais poderia reger as práticas políticas, na tentativa de criar procedimentos que pudessem ser apoiados pelas diferentes concepções particulares do bem viver, dado o contexto das sociedades plurais. Tratam-se de temas de grande interesse para os estudiosos da política contemporânea que querem compreender o início dessa grande controvérsia atual. "