Quem suporia que Roland Barthes, condutor de uma histórica revolução da crítica literária, pudesse estar tão atento aos diários de André Gide quanto ao cinema de Robert Bresson, nos meados do decênio de 1940, quando o mundo ainda guerreava e ele saía de sua clausura sanatorial, para interceptar os ritos da vida intelectual francesa, tão impetuosamente como deixa ver O grau zero da escritura? E quantos são os que sabem hoje, quando o mundo das Letras, Comunicações e Artes o recepcionam como um pensador para o nosso tempo que, no momento mesmo em que concluía os insólitos, insolentes, corrosivos capítulos de Mitologias, tão voltados para o imaginário das palavras, Barthes lançava notas sobre a limpeza das imagens o que é o contrário do mito no filme de estreia de Claude Chabrol, datado de 1958 e cronologicamente o primeiro da Nouvelle Vague?