O livro João do Rio a caminho da Atlântida - por uma aproximação luso-brasileira teve como ponto de partida, em primeira instância, o resgate em fontes primárias (a imprensa) de parte da produção de João do Rio, que, em crônicas jornalísticas, tratava das relações entre o Brasil e Portugal, com destaque para o material reunido no volume Portugal d'agora (1911), resultado da viagem que fez àquele país logo após a implantação da República, em 1910. Se a tese, e agora o livro, se restringisse a essa meta, já seria um feito significativo, uma vez que seria, salvo engano, o primeiro trabalho que enfatiza essas tensões da década de 1910, que viu recrudescer, no Brasil, um forte nacionalismo que pregava a nacionalização por completo dos mais diversos segmentos, a exemplo da imprensa, do comércio, da pesca, dominados em grande parte por imigrantes lusos e seus descendentes. A investigação das fontes primárias na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro e no Real Gabinete Português de Leitura revelaram um material insuspeitado, ainda quase virgem de reflexão, que dimensionou o estudo em processo. E foram se destacando as relações de João do Rio, não só com a colônia portuguesa no Rio, mas também com intelectuais, escritores e editores de Portugal. Ganha relevo então o estudo das viagens do escritor brasileiro à Europa e mais especificamente a Portugal, como também a relevância da revista Atlântida, que mereceu acurado estudo, ao mesmo tempo em que cresce a figura de João de Barros. Seguindo uma investigação quase detetivesca, Cristiane descobre que havia, no acervo do escritor luso depositado na Biblioteca Nacional de Lisboa, cartas que João do Rio enviara ao amigo português.