Desde o início do século XIX, Venezuela e Brasil promoveram um gradual entrelaçamento político e diplomático concernente a acertos fronteiriços e comerciais, o que culminou em um modo de vida bilateral. A baixa profundidade dos contatos internacionais e as constantes flutuações conjunturais internas colocaram os dois vizinhos em um compasso de espera. Incompatibilidades ideológicas, crises diplomáticas e uma espécie de ressenti mento adormecido, nas duas sociedades, e em suas chancelarias, faziam aflorar o caráter relutante do relacionamento bilateral. Da suspensão das relações diplomáticas, em 1964, sucedeu o entendimento, pela desconstrução de rivalidades e pelo florescimento das "forças econômicas". A partir de 1979, duas ondas de adensamento redefiniram e atualizaram os parâmetros conceituais e práticos do eixo Brasília-Caracas e deram consistência à multidimensionalidade do relacionamento bilateral, sendo formalizada nos anos 1990 com o protocolo de La Guzmania. Nos anos 2000, a aproximação definitiva foi ancorada em uma carteira de projetos infraestruturais e energéticos, amparados por um diálogo de alto nível, o que levou à constituição de uma "aliança estratégica" entre 2003 e 2006. Motivados, em grande medida, pelas críticas da opinião pública e dos Parlamentos, assim como pela atuação construtiva do empresariado, os governos brasileiro e venezuelano efetuaram ajustes em suas relações bilaterais, entre 2007 e 2012, que serviram para confirmar o senti do estratégico da parceria.