Imagens e metáforas cuidadosamente armadas, prontas para se abrir diante dos olhos do leitor. Mais do que isso, na poesia do pernambucano Fabiano Calixto (nascido em 1973) o vocabulário lírico é retirado do cotidiano e retrabalhado com intensidade. É aí que reside a força dos poemas que compõem este belo livro. Seus 53 poemas, divididos em quatro seções, resultam de um trabalho cuidadoso e consciente com a linguagem. Temos a cidade e a violência urbana moldando uma linguagem lírica. A subjetividade é filtrada por uma língua própria, rica de significados e imagens. O poeta procura a \"música possível\" num mar de impossibilidades, mas sem abrir mão do risco do lirismo, do sujeito que testemunha as pressões da vida moderna e as transforma em imagens potentes. Calixto fala da sua experiência no embate diário com a cidade; mergulha nas suas raízes nordestinas, nos belos poemas da seção \"Ônix\"; retrata o mundo familiar e afetivo, em \"Flauta-azul\"; e, por fim, dialoga com as artes em \"Poesias reunidas\", com poemas que falam de sua relação com a obra de Carlos Drummond de Andrade, John Lennon, Haroldo de Campos e Paulo Leminski.